segunda-feira, 9 de junho de 2008

AUTOGESTÃO/AUTO-ORGANIZAÇÃO E A EXPERIÊNCIA PRÁTICA
Assemtamento Sem-tetos, Rio de Janeiro.
Movimentos sociais sempre foram para mim espaços essenciais para a luta. São neles que encontramos desejos reais de transformção vindos de pessoas que, em sua maioria, nada mais querem do que deixar de sobreviver e passar a viver!
E foi em um desses espaços, em um assentamento de sem tetos em Belford Roxo (Rio de Janeiro), que me coloquei ainda mais na posição de aprendiz junto aqueles moradores, esses sim, revolucionários, que lutavam diariamente para ter o pão de cada dia e dividí-lo entre todos ali presentes.
O assentamento ficava próximo a uma das inúmeras favelas do Rio, e lá, no topo do morro, antes sem condições nenhuma de estrutura para moradia, foi onde os moradores se auto-organizaram e pautaram como luta um ponto em comum: a moradia e a transformação por um mundo melhor.
Muitos podem achar tudo isso bobeira, papo de romantico; mas eu pude vivenciar junto aqueles trabalhadores um modo de se organizar que garantiu a soliedariedade entre todos. Garantiu ainda a rede elétrica do espaço, os encanamentos para puxar a água do morro vizinho, a contrução de barracos e a improvisação de uma capela.
Mesmo com meu ateísmo, abracei a cultura daquele povo e participei da missa na capela improvisada. Espaço usado ainda para as reuniões, das quais aconteciam com certa frequência. Participei também da reunião e da confraternização dos trabalhadores, que logo me inseriram no espaço como se fosse meu também. E era e é meu. A luta deles passou a ser minha luta, mesmo depois de voltar pra São Paulo.
Muitas cenas me marcaram nessa experiência, mas a que mais me chamou a atenção foi a conversa e o desabafo entre os moradores. Diziam eles que muitos grupos políticos lutavam pela direção daquele assentamento. Diziam ainda que esses grupos eram desnecessários na direção, pois os trabalhadores do assentamento, mesmo sem muita escolariedade, sabiam que conhecimento não se busca só em livros e em líderes políticos, e sim na experiência. Sentiam-se capazes em se organizarem, e eram capazes!
Trouxe desse tempo uma lição para minha vida e para a vida de todos com quem pude compartilhar: nós temos a capacidade de lutarmos por nós! E não será um grupo, ou uma pessoa e nem os metidos a hérois (que muito acontece no meio universitário) que farão isso por nós.
Basta ocuparmos os espaços!
Um relato simples, que pode significar muitas ações e pensamentos
Camila

2 comentários:

Anônimo disse...

Como diria um certo conhecido, tem gente que acaha que a solução tá na "direção", a solução tá é na base.

Anônimo disse...

Tô de acordo com o comentário do anônimo.Até mais